Na contra-mão do governo federal, a gestão de Jorginho Mello (PL) vai manter e ampliar o modelo, considerando melhorias como diminuição da evasão escolar e reprovação dos estudantes

O governo de Santa Catarina resolveu não apenas manter, como ampliar a quantidade de escolas cívico-militares no Estado. A medida, anunciada em dezembro passado, responde à decisão do atual governo federal, que suspendeu o Pecim (Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares), uma das prioridades do Ministério da Educação na gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Com isso, o próprio governo catarinense vai arcar com a manutenção das nove escolas que funcionam no modelo e com a implantação de mais uma, a Escola Estadual Básica São José, em Herval d’Oeste, que adere ao modelo a partir deste ano. A ideia é fazer o mesmo em mais unidades em 2025 e 2026.

Conforme a Secretaria de Educação, o impacto financeiro para manutenção e implantação do modelo não é significativo para as contas do Estado e garante um ensino de qualidade, com foco principal na disciplina dos estudantes.

Para dar continuidade ao modelo no Estado, o governo assinou o decreto que institui o Programa Estadual das Escolas Cívico-Militares de Santa Catarina. Após a assinatura, o governador Jorginho Mello disse que tem muito prazer em instituir o programa porque “o modelo contribui para o aprendizado dos alunos, os valores da sociedade, da família e da pátria. Elas são importantes para consolidar a educação em Santa Catarina”, afirmou.

Atualmente, as escolas estaduais cívico-militares acomodam mais de 5.000 alunos, em nove municípios. A EEB São José, próxima a aderir ao modelo, atende cerca de 480 alunos, do 6º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio.

Conforme o secretário de Estado da Educação, Aristides Cimadon, a decisão do governo é acertada e tem o apoio da sociedade.

O secretário disse, ainda, que essas escolas têm contribuído muito e se diferenciado em relação a outras que, por mais que tenham dedicação e preocupação com a formação, não conseguem os mesmos resultados.

“Nesse ano, vamos manter e organizar as que estavam em funcionamento e eram mantidas pelo governo federal e deverão ser mantidas pelo governo do Estado, além de ampliar para a escola de Herval d’Oeste”, reiterou o secretário.

As escolas cívico-militares são diferenciadas na organização e têm a participação de militares na orientação cívica.

“Ainda não temos uma definição do projeto de ampliação para 2025 e 2026. Estamos começando com a manutenção e ampliação para Herval e vamos planejar a ampliação vendo as possibilidades econômicas, as condições de termos militares, tanto do batalhão militar quanto dos bombeiros. Esse é nosso grande objetivo, a ampliação bem significativa nos próximos anos”, frisou Cimadon.

Escolas cívico-militares projetam menos evasão e reprovação

Secretária-adjunta de Educação, Patrícia Luerdes disse que o governo acredita no modelo porque os indicadores são melhores. “Temos a aprovação e a aceitação das famílias e a procura é muito grande. Hoje, as nossas escolas cívico-militares são as mais procuradas”, disse Patrícia.

“Acreditamos nesse resgate da cultura, do patriotismo. Por mais que a educação venha de casa, é função social da escola trabalhar o civismo e tudo que tínhamos antes, como cantar o hino nacional e o resgate dos símbolos nacionais”, completou.

Defendendo o modelo, Patrícia argumentou que ajuda na diminuição da evasão e da reprovação dos estudantes.

“A escola militar é regida pela Polícia Militar, que tem todo gerenciamento e sistema. Já a cívico-militar é dirigida pela Secretaria de Educação, onde continuam aulas de português e matemática, por exemplo, mas os militares entram com o extra-curricular, ou seja, fazem programas dentro da grade de maneira interdisciplinar. É um trabalho conjunto”, reforçou a secretária-adjunta.

“Só não fomos além por causa da mão de obra humana, se não, aumentaríamos ainda mais, como é o nosso desejo, porque temos a certeza de que o modelo dá certo”, enfatizou. (ND Mais)

Quais as escolas cívico-militares mantidas pelo Estado

  • EEB Ângelo Cascaes Tancredo (Palhoça)
  • EEB Ildefonso Linhares (Florianópolis)
  • EEB Cora Batalha da Silveira (Lages)
  • EEB Henrique Fontes (Tubarão)
  • EEB Joaquim Ramos (Criciúma)
  • EEB Emérita Duarte Silva e Souza (Biguaçu)
  • EEB Cel Pedro Christiano Feddersen (Blumenau)
  • EEB Prof. Jaldyr Bhering Faustino da Silva (São Miguel do Oeste)
  • EEB Prof. Irene Stonoga (Chapecó)
  • EEB São José (Herval d’Oeste) – começa este ano