Sandro da Malha do Fogo é condenado a 12 anos por matar o tio a lajotadas em Piçarras

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O crime com requintes de crueldade aconteceu na Rua Sebastião Carvalho, na conhecida Malha do Fogo, no Centro de Balneário Piçarras

O Conselho de Sentença do Fórum da Comarca de Balneário Piçarras condenou nesta quinta-feira, 24, Sandro Maia Silvano a 12 anos de prisão, em regime fechado, pelo assassinato de José André Inácio (67 anos) – seu tio.

Os jurados reconheceram o crime de homicídio com duas qualificadoras: motivo fútil e por meio de emboscada. A decisão é passível de recurso.

Sete jurados (quatro mulheres e três homens) formaram o Tribunal do Júri, que teve a juíza de Direito da 2ª Vara da Comarca, Cristina Paul Cunha Bogo, como presidente da sessão de julgamento.

Os jurados não reconheceram a terceira qualificadora requerida pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), a de que o crime teria sido cometido por meio cruel.

A sentença foi lida pela magistrada por volta das 15h. Ao longo do julgamento, que começou às 10h, Sandro foi mantido algemado pelas pernas.

Ele recebeu a pena com inquietude, sempre balançando as pernas. Ele vestia a mesma camiseta e calçava os mesmos tênis do dia de sua prisão. Nenhum de seus parentes compareceu à sessão.

Réu primário, Sandro Maia Silvano confessou a autoria do crime ao longo da investigação e também durante o interrogatório no julgamento, iniciado pela magistrada.

Ambos tinham um histórico de desavenças, que culminaram com o crime na madrugada do dia 1º de janeiro, no Centro de Balneário Piçarras. Pela denúncia, José dormia quando foi morto com dois golpes na cabeça, desferidos por Sandro com uma lajota.

andro negou que seu tio estivesse dormindo e afirmou que José estava em pé quando foi atingido. Os laudos periciais da cena do crime, no entanto, apontaram que ele já estava deitado quando foi atacado. Ambos estariam alcoolizados e também haviam feito consumo de ilícitos, situação que teria acalorado discussão anterior ao crime – que começou pela utilização de uma pequena residência.

“Em seu interrogatório realizado na fase judicial, o réu Sandro Maia Silva confessou a prática delitiva. Asseverou que, na data dos fatos, chegou na casa da vítima para pegar seu cobertor e outras coisas que havia deixado no local. Disse que José estava acordado e ele se revoltou comigo, pegou uma faca do tipo peixeira e disse que iria lhe matar. Declarou que saiu do local, mas acabou retornando e acertou a vítima com duas pancadas”, cita a denúncia oferecida contra o réu condenado.

Sandro foi preso nas primeiras horas da manhã de 1º de janeiro deste ano, após o crime, pela Polícia Civil de Santa Catarina, dormindo em uma residência na mesma rua do crime. Foram os próprios parentes que apontaram o local em que ele estava.

A tese de acusação será defendida pela promotora da 2ª Promotoria de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Ana Laura Perônio Omizzolo. Ela recorreu da decisão dos jurados buscando uma pena mais severa. A defesa de Sandro, feita pelo advogado Alessandro Louro Xavier, também pode recorrer, mas ele seguirá preso caso algum recurso seja interposto.

O crime

Na madrugada do dia 1º de janeiro deste ano Sandro tentou entrar na casa do tio, mas foi impedido pela vítima. Durante uma discussão ele teria jurado o tio de morte. Familiares expulsaram o autor do crime do local, mas ele retornou nas primeiras horas do dia.

O sobrinho voltou à residência do idoso com uma lajota nas mãos, conseguiu entrar na casa e deu vários golpes contra a cabeça da vítima. Em seguida ele fugiu do local. O crime com requintes de crueldade aconteceu na Rua Sebastião Carvalho, na conhecida Malha do Fogo, no Centro de Balneário Piçarras.

Por volta das 8h, o assassino foi localizado por familiares da vítima. Ele estava dormindo em uma casa no final da rua. Os policiais foram até o local e prenderem o homicida em flagrante.

Revolta

Na conhecida Malha do Fogo moram diversas pessoas da mesma família, inclusive da vítima e do autor do homicídio. Os moradores se revoltaram com crime e por pouco o sobrinho não foi linchado por cerca de 60 parentes. Os policiais tiveram que conter os familiares e a acalmar os ânimos dos moradores do local.